ENTREVISTA COM O DR. ARTUR DZIK

Tema: Obesidade, Fertilidade e Saúde Reprodutiva da Mulher

Dr. Artur, a obesidade é um tema recorrente na saúde pública. Como ela impacta especificamente a fertilidade feminina?

Dr. Artur Dzik: A obesidade tem um impacto profundo na saúde reprodutiva da mulher. Além de estar associada a doenças cardiovasculares e metabólicas, ela também compromete a fertilidade. Mulheres com obesidade têm até três vezes mais chances de sofrer de infertilidade por anovulação — ou seja, não ovulam regularmente. Mas hoje já sabemos que os efeitos vão muito além disso.

Que outros fatores estão envolvidos além da ovulação irregular?

Dr. Artur Dzik: Diversos. A obesidade provoca um estado de inflamação crônica, alterações hormonais e fenômenos de lipotoxicidade – que é o acúmulo de gordura tóxica nos tecidos, inclusive nos ovários e no útero. Isso pode afetar diretamente a qualidade dos óvulos, a saúde dos embriões e até a receptividade do endométrio, dificultando a implantação

Como essa lipotoxicidade interfere na fertilidade?

Dr. Artur Dzik: Ela interfere de várias formas. Por exemplo, o excesso de ácidos graxos livres gera estresse oxidativo nas células reprodutivas, danificando as mitocôndrias – que são fundamentais para a qualidade do óvulo. Isso pode comprometer o desenvolvimento embrionário e reduzir as chances de uma gravidez saudável, mesmo em tratamentos como a fertilização in vitro.

E no caso das mulheres que já estão em tratamento de fertilidade?

Dr. Artur Dzik: Mesmo nesses casos, a obesidade pode reduzir as taxas de sucesso. Estudos mostram que embriões de mulheres com sobrepeso apresentam menor qualidade e menor capacidade de implantação. Também observamos alterações na esteroidogênese – a produção de hormônios como estrogênio e progesterona — o que afeta o ciclo menstrual e o preparo do útero para receber o embrião.

O endométrio também é afetado?

Dr. Artur Dzik: Sim. O endométrio precisa estar “receptivo” para que o embrião se implante com sucesso. Em mulheres obesas, observamos prejuízos nesse processo, conhecido como decidualização. Além disso, níveis elevados de leptina – um hormônio produzido pelo tecido adiposo – podem interferir na função endometrial e até na formação da placenta, aumentando os riscos de aborto e complicações na gestação.

Existe algum caminho para reverter esse quadro?

Dr. Artur Dzik: Sim, e a boa notícia é que mudanças no estilo de vida fazem diferença. Perda de peso, atividade física e alimentação balanceada são estratégias importantes. Em alguns casos, a cirurgia bariátrica pode ser indicada. O mais importante é o acompanhamento multidisciplinar e individualizado — e, claro, informação de qualidade para que a mulher possa tomar decisões conscientes.

Para finalizar, qual a principal mensagem que o senhor gostaria de deixar para as mulheres que enfrentam essa dificuldade?

Dr. Artur Dzik: Que não estão sozinhas. A obesidade e a infertilidade têm tratamento, e entender os mecanismos por trás dessa relação ajuda a escolher as melhores estratégias. Com o cuidado certo, muitas mulheres conseguem alcançar o sonho da maternidade com segurança.

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